segunda-feira, 22 de julho de 2013

Dicas para comprar uma bike intermediária.

Fonte: dalamaaocaosbike.wordpress.com

Quase toda semana alguém me questiona com dúvidas sobre grupos, marcas, suspensões, garantia e tudo mais. Concordo: para um leigo – mesmo leigos que já pedalam – comprar uma bike é complicado, sim.

São tantas marcas, modelos, materiais, preços e nuances que quem não está pesquisando diariamente acaba se perdendo. Esse post, longe de pretender ser definitivo, é uma ajuda para quem quer compreender melhor o que está comprando. E, não esqueçam: é a minha opinião.

A primeira dúvida: qualquer marca é a mesma coisa? Se estou comprando uma bike de marca famosa, ou uma bike mais simples, qual a diferença?

Bom, primeiro vamos explicar uma coisa: a despeito do que muitos lojistas dizem, a absoluta maioria dos quadros é feito na China, seja a China Continental, seja em Taiwan. Muitas marcas renomadas são feitas na enorme fabrica da Giant, em Taiwan.

Então, todas as bikes são iguais???? Não, não. Grandes marcas tem um programa completo de desenvolvimento e controle de qualidade. Se a marca S ou T, por exemplo, encomenda seus quadros na fábrica G, por exemplo, a fábrica G os faz sob as especificações e segundo projeto desenvolvido pela marca que os encomendou, e todos são testados e inspecionados segundo os parâmetros da marca. Veja um vídeo de como foi desenvolvida Scott Spark 2012.



Cannondale, Diamond Back, Giant, GT, Jamis, KHS, Merida, Orbea, kona, Rocky Mountain, Scott, Specialized, Trek, por exemplo, são marcas de qualidade, que possuem modelos mais básicos, intermediários e tops, dependendo do bolso de cada um. De uma forma bem geral, qualquer uma dessas marcas (que não são as únicas marcas boas, ressalte-se) atende bem a um ciclista. Qual modelo comprar, é outra história.

Uma grande marca tem um nome a zelar. Isso já é parte da garantia. Algumas, como a Specialized, Cannondale, Kona e Trek, dão garantia vitalícia para o quadro, para o primeiro dono. A Merida, 3 anos, e assim vai. Os quadros, como já foi dito, passam por um perídoo de desenvolvimento e testes, de forma a acrescentar as melhores inovações tecnológicas, reduzir o peso, a rigidez e ter melhor performance. Isso tudo está embutido no preço, e por isso bike de marca é mais cara.

Porém muitas marcas menores simplesmente encomendam quadros genéricos (genérico, no caso, não significa necessariamente ruim. Apenas que não é um quadro diferenciado, que passou por um longo e criterioso processo de desenvolvimento) na China, põem seus adesivos (se quiser, na China eles também fazem os adesivos, é sério. Até aplicam!) e montam suas bikes com componentes de maior ou menor qualidade. A bike pode até ser muito boa, com componentes excelentes (em última análise, a marca da bike é o quadro), mas a garantia de qualidade da pesquisa e desenvolvimento, esse você tem com as melhores marcas, mesmo.
Olhaí: quadro em carbono genérico, no Mercado Livre. Você teria coragem de usar?

Estou lhe confundindo? Ora, você mesmo pode procurar no Ebay um quadro de carbono, sem marca alguma, pesando 1300g (bem levinho, portanto), montar toda com componentes XTR ou XX, garfo Fox… e por seu nome na bike. É isso que algumas marcas fazem. Mas, se o quadro quebrar, ou se não tiver a performance que você esperava… só resta reclamar para o bispo.

Então, só com muita grana eu posso pedalar? Ter uma bike melhor? Não é bem isso. Marcas intermediárias como Canadian, Da Bomb, Mosso e Venzo, entre outras, tem desempenhado bem o seu papel. A Caloi Elite 2.7 é considerado o melhor custo-benefício em bikes intermediárias à venda no Brasil. Apenas não espere um quadro levíssimo, uma geometria revolucionária ou, no caso de full suspensions, um link super-eficiente. Mas é uma alternativa mais barata e que funciona, sim. Nas fulls, a KHS XC 104 dá o seu recado muito bem.

Por falar em carbono, você tem que decidir entre ele e o alumínio. A questão aí é o peso final, mas atente que alguns quadros de carbono são pouca coisa mais leves que tops de alumínio, e em geral são muito mais caros. Quadros levíssimos de carbono tem preço muito alto. Se não der, compre uma bike com um bom quadro de alumínio: ela não lhe fará vergonha!

Outra coisa: será uma HT (hard tail) ou Full suspension? Mais uma vez, vou lhe dar trabalho…pois a decisão deverá ser pensada e repensada por voce mesmo.

Bem, então você já escolheu a marca X (o quadro), resta escolher o modelo. O que deve nortear o próximo passo?

A maioria dos ciclistas pensa que é o câmbio, e que um grupo Deore é o máximo: nem uma coisa nem outra, de câmbios falaremos mais à frente.

O próximo passo é o garfo, ou seja, a suspensão. Existem 3 tipos: De elastômeros (muito básicos), hidráulicos (mola-óleo) e pneumáticos. Os dois últimos são mais populares em bikes intermediárias, mas há uma enorme diferença em funcionamento entre eles. Garfos hidráulicos tem pequena variação de calibragem em relação ao peso do ciclista, e são, via de regra, duros demais ou macios demais. Por isso, os pneumáticos são a melhor escolha. O problema é que eles encarecem muito o preço das bikes. Dando nome aos bois, garfos Suntour (XCR, XCM e variantes), Rock Shox modelos Dart 2 ou 3, Rock Shox Recon Coil ou XC TK e Spinner Grind ou Spinner 300 são garfos básicos, saiba disso quando comprar. Dá para pedalar, mas a marca Rock Shox, por exemplo, não é certeza de garfo top, como se possa pensar. Ela faz coisa básica também, então se o vendedor vier com conversa, pergunte se o garfo é pneumático (a ar). Bons modelos de garfos pneumáticos (o preço sobe à medida que você lê): RST F1rst, Manitou R7, Rock Shox Recon Solo Air, Reba ou Sid e o sonho de consumo de muitos, Fox 32 RLC ou Terralogic.
Fox Fit Terralogic – um sonho de consumo e de suspensão. Mas carinha, viu…

Agora, vamos ao grupo. O grupo (não é kit, nem jogo, como já ouvi por aí), completo é composto de câmbio dianteiro e traseiro, corrente, catracas (podem ser de rosca – muito simples – ou cassete. Atente para o número de catracas – 7, 8, 9 ou 10 – que determinará quantas marchas sua bike terá [multiplique o número de catracas pelo número de coroas] e para o número de dentes da catraca menor e maior, 11-32, por exemplo), pedivela (com coroas – atente também para o número de dentes das coroas, tipo 22-32-42, numa pedivela padrão do grupo Alivio), movimento central (o “eixo” da pedivela, que pode ser ou não integrado à mesma – os integrados são muito melhores), trocadores de marcha, manetes de freio (podem ser integrados com os trocadores de marcha, em grupos mais básicos), cubos e freios.

Simplificadamente, os grupos Shimano vão assim, do mais básico para o mais top:

ACERA – ALIVIO – DEORE – SLX – XT -XTR, podendo, na bike, ter um mix desses grupos. Numa boa bike intermediária, eu sugiro pelo menos câmbio traseiro SLX, pedivela Deore e câmbio dianteiro e trocadores Alivio. 27V também é o mínimo, sendo 30V (ou 20V, mas isso é assunto para esse post), desejável.

Se você optar por SRAM, a coisa vai mais ou menos assim:

X4 – X5 – X7 – X9 – X0 ou XX (X0, 30 ou 20V, XX, 20V apenas). O mínimo aceitável? X7/X9.

Por fim, atente também para o selim (Selle Italia e Fizik são as marcas mais tops, os BG da Specialized também considero excelentes, mas selim é uma coisa complicada de escolher, vai mais da anatomia de cada um do que propriamente de marca ou modelo).

Caixa de direção, canote, mesa e guidon podem ser da marca própria da bike (Giant e Specialized tem marcas próprias, Trek usa a marca Bontrager, por exemplo), ou KCNC, Ritchey, FSA, Truvativ, que são marcas excelentes também.

Os freios a disco podem ser hidráulicos e mecânicos. Estes últimos não são considerados um grande upgrade, então, o melhor é investir um pouco mais e pegar um hidráulico. O Shimano M445 e Deore, Hayes Stroker e Nine, Avid Elixir e Juicy e Tektro Draco e Auriga são marcas e modelos confiáveis, com expressiva variação de preço, mas adequados à uma bike intermediária.

Então é isso. Quando for comprar, pesquise, leia, pergunte a algum conhecido que você saiba que entende. E se algum vendedor lhe disser que um quadro que tem um adesivo “Designed in USA” (e não Made in USA) foi feito nos Estados Unidos… desconfie. Esse quadro foi projetado nos EUA, mas provavelmente tem os olhinhos puxados…

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